terça-feira, 29 de março de 2011

Editorial - Curitiba na balança, quer vir?

foto: divulgação

Aniversário de cidade é festa política? É certo que sim. E também é importante sabermos que Curitiba não será perdoada hoje, apesar dos imensos elogios que ela está recebendo. O maior ônibus bi-articulado do mundo vem logo depois do aumento da tarifa, quase que como uma justificativa, reforçando a idéia de transporte modelo. Aliás, esse mesmo modelo nos dá uma estatística invejável de dois acidentes por dia envolvendo coletivos públicos. A Curitiba dos mais de 50% não-curitibanos é o novo alvo do êxodo, e isso traz mais riqueza cultural, diversidade de costumes, ao mesmo tempo em que estamos no primeiro dia do já consagrado Festival de Teatro, e que amargamos o fechamento da Pedreira Paulo Leminski para shows. Ela vai se compensando aos poucos, enquanto as grandes casas noturnas são tomadas pela onda sertaneja universitária, proliferam-se, os bares de médio e pequeno portes que defendem o rock'n roll. A descompensação fica por conta dos seus happy hours ,que sempre serão iguais, com seu samba-rock (quem inventou isso?) estilizado à mesma maneira, ou com seus cantores de MPB fazendo os acordes dissonantes da trilha sonora dos intelectuais. Festa popular aqui é efêmera, o Carnaval compensou a escola de samba com o psychobilly do Psycho Carnival e a Zombie Walk, que logo depois foi contrabalanceada por uma marcha evangélica nervosa. Isolado, ao melhor estilo curitibano, estava o Gabaon, o carnaval católico, que aconteceu no Orleans. Parecemos estar numa balança, eterna, singela e fria, que incentiva os cidadãos a aproveitarem seus parques com equipamentos para ginástica, ao mesmo tempo em que crescem os shoppings com suas redes de fastfood internacionais, para não dizermos a tentação de Santa Felicidade e das feiras noturnas. Na cidade, um dia chamada de modorrenta por um jornalista de uma grande revista, existe um Comedy Club de qualidade e é celeiro de gente como Diogo Portugal e Katiuscia Canoro, entre outros. As favelas vizinhas dos condomínios de luxo são tão normais quanto em outros grandes centros, o que não sabemos, porém, é se a publicidade das outras cidades é tão grande. Famosa por sua limpeza, está próxima de ter a segunda paralisação dos garis, por melhores salários, e provavelmente pelos royalties da propaganda.  Futebol? Por enquanto o único sinal de lucidez é do Coritiba, enquanto Atlético ainda tenta viver do orgulho do meio-estádio do bairro Água Verde (taí uma antítese, a cor do maior rival), e o Paraná com sua gralha azul continua tendo seu melhor momento no famoso Baile do Havaí. O outro clube tem nome de Corínthians, só o nome. 
Com tudo isso para se preocupar, dar bom dia ou não deixou de ser questão de educação, para tornar-se apenas mais um fator nesta balança. Julgue da maneira como achar melhor, e seja bem vindo, ou não.

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