E tudo aconteceu de repente. Num momento sorríamos e cantávamos os encontros da velha encruzilhada, no outro juntávamos os cacos das nossas almas perdidas naquele nevoeiro de pó. Eles chegaram com a neblina, seus olhos vermelhos destilavam ódio, suas mãos cortavam o ar drogado e pesado das lutas. O brilho das lâminas cegou a todos, e só paramos quando impedidos pela força da consciência da morte. A velha ceifadeira sentou-se conosco e contou os corpos naquela noite, os muros manchados de sangue descreviam a história de amores que jamais se encontrariam a partir dali. A encruzilhada ficava fria de repente, a dor apenas era um detalhe entre tantas explicações. As canções deram lugar aos soluços inconsoláveis. Poucos dos que viveram voltaram. É assim, a velha encruzilhada também bebe o sangue dos fracos. Olhe por onde anda, ela pode beber o seu, um dia, e esteja certo que não haverá uma canção tão bela quanto aqueles soluços.
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