sábado, 11 de junho de 2011

Contos das Encruzilhadas - O Silêncio e as Nuvens Sombrias.



Apenas observamos, em silêncio, as nuvens se aproximando. Pareciam nos conhecer e pairar sobre nós. Quietos e nos observando parecíamos adultos e maduros. Sérios e decididos a saber o que fazer, e para onde ir. A lua oculta às vezes se denunciava, mas por muito pouco tempo, não podíamos desfrutar de sua luz e de seus romances inspiradores.  A nós restou apenas observar o tempo passar, e cada um tomou suas decisões. Partiam os peregrinos em busca de algo que não conheciam, mas que precisavam. Densas, as nuvens eram presságios e maldição, e ao mesmo tempo, alento para a loucura dos dias cansativos. Era melhor com elas ali, que demonstravam a presença maior de um mundo que nos engoliria em breve, com seus crimes e castigos. Os animais traiçoeiros que nos cercavam, apenas esperavam que sucumbíssemos perante a dor da juventude interrompida. Eles queriam nossas almas, e algumas conseguiram. Não derramamos lágrimas pois seu cheiro atrairia ainda mais predadores e mercadores do sangue alheio. O silêncio não nos encantava, pois deixava à mostra, na distância de outras esquinas, os gritos de outras almas, solitárias e esguias que se perdiam na terra sem lei dos que andam na noite. As nuvens se dissiparam e ficamos em menor número. Agora será mais duro, e a piedade não nos será possível. Apenas seguimos lamentando sem lágrimas as baixas das batalhas. Um dia teremos mais chances, quem sabe. O amor ficará para depois, mais uma vez. 

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