Enquanto lutamos pelas verbas minguadas da Lei Rouanet, onde os desvios, favorecimentos e desmandos são plenamente possíveis, também ficamos à espera de passos sólidos na área da Cultura, a partir do seu nome de maior autoridade no momento, a ministra Ana de Hollanda. Desde Gilberto Gil esperamos estes passos sólidos, e tivemos bons sinais em alguns momentos, projetos para cinema, lembro de alguma coisa assim, mas nada que tenha chegado às vias de fato, como os produtores culturais da base não-favorecida esperam. É intrigante que muitos destes produtores e artistas continuem apostando suas fichas nas mesmas forças políticas que os puxam para baixo. Em meio ao jabá, aos desvios visíveis do tal ECAD, continuam acreditando que a mesma corrente que há oito anos nada faz vá mudar o sistema, e que num passe de mágica a cultura será irrigada com bons projetos e verba decente para realizá-los em favor de artistas e comunidades que não sejam os clichês sociais que temos presenciado.
Ana de Hollanda chega falando de relacionamento com o ECAD, com o qual já deveria ter rompido há muito, na condição de artista que possui, e também no Vale Cultura, a idéia de alguém da era Lula, que descobriu a fórmula mágica para pular os passos básicos para ampliar o acesso da comunidade à cultura. É muito mais fácil obrigar as empresas a pagarem R$ 50,00 para os seus trabalhadores comprarem o que quiserem, do que investir em educação, saúde e principalmente infra-estrutura para realização de projetos culturais. No seu discurso de posse, suas belas palavras enalteceram a criatividade brasileira. E o que faz um governo de um povo tão criativo? Usa essa mesma criatividade como ferramenta para sua falta de pró-atividade política. A criatividade artística é hoje mais utilizada para criar estrutura e fomento para a produção do que para executar ou criar obras artísticas relevantes.
Em meio a esse furacão disfarçado, continuamos de olho nesta distinta cidadã e artista, Ana de Hollanda. É a terceira ministra em sequência que mantém a cultura anestesiada em nome de um companheirismo venenoso. Esperamos que acorde, e não fique como já canta o seu irmão famoso, vendo a banda passar.
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