sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Editorial - Jornais impressos.

No dia 10 de setembro de 1808, foi lançada a Gazeta do Rio de Janeiro, o primeiro jornal impresso do Brasil. Não é preciso dizer que foi consequência da chegada da família Real e etc, né? Pois é, com o seu conteúdo editorial totalmente direcionado aos interesses da Coroa, o jornal deixou de circular com o advento da Independência em 1822.
202 anos depois, estamos às voltas com as discussões e preocupações com o futuro do jornal impresso. Aqui em Curitiba, Gazeta do Povo é mantida por ser afiliada ao grupo RPC, que é afiliado da Rede Globo, mantendo sua dominância pela imensa estrutura de assinaturas, e pelo preço absurdo de seus anúncios. Já a Tribuna do Paraná, se "vira nos trinta" através da sua popularidade no jornalismo esportivo, ou melhor, de futebol e da tradição no noticiário policial. De vez em sempre passam por uma tal reformulação editorial, que na verdade é uma mudança de layout. Brindes, prêmios e promoções já são quase uma lei no setor. O leitor tradicional e crítico já sabe que no jornal impresso dificilmente a informação será "quente". A distribuição tornou-se cara, o jornaleiro tem mil motivos para reclamar de uma suposta conspiração contra o seu negócio, e o ciclo vicioso está formado.
Recentemente, o Jornal do Brasil fechou sua operação impressa, e sua versão online é restrita a assinantes. É um caminho inevitável ao jornal impresso, mas não é realmente esse o problema. O que desperta o interesse de leitores é informação, e a WEB proporciona isso de maneira mais rápida. Porém, cultura e entretenimento podem perfeitamente ter suas editorias dividas entre o impresso e o online, não há motivos para todo o conteúdo migrar para WEB, principalmente pelo fato de que ler tudo no computador não é uma prática das mais agradáveis. Conteúdos exclusivos, furos de reportagem ainda poderiam ser exclusividade dos jornais impressos, quem faz a velocidade da informação é a própria imprensa, e não a tal necessidade gerada pela comoção social.
Mudar esse editorial repetitivo, sem graça e que tenta o tempo todo imitar o jornalismo da televisão, é o primeiro passo para uma bem sucedida estratégia de sobrevivência dos jornais impressos. Mas para isso, o primeiro passo é se livrar do velho problema, que começou lá com a Gazeta do Rio de Janeiro: parar de atender somente aos interesses da Coroa.


Primeira página da primeira edição da Gazeta do Rio de Janeiro (clique para ampliar)
 

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