segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Quem é Independente?




Allan Luis


No meio artístico é muito difícil perceber as verdadeiras posições de cada um. O artista é um ser que dificilmente se enquadra 100% nas convenções sociais e todos os movimentos artísticos são repletos de inconsistências, mais do que compreensíveis. 


Com a internet, a arte ganhou um inimigo e um aliado. Inimigo pela facilidade de propagação da banalização, e aliado pela facilidade de divulgação do artista e seu trabalho. A internet, enquanto novidade, parecia ser para os artistas a tábua de salvação, pois dava a entender que seria um meio democrático e imparcial de comunicação. Ledo engano. 
A exemplo dos meios de comunicação disponíveis, exceto o pombo-correio e sinais de fumaça, a internet é tão corruptível quanto televisão, rádio e mídia impressa.  E com essa ideia de independência instalada no meio artístico, veio uma enxurrada de links, com a ideia de curta isso e compartilhe aquilo, enchendo de esperança a classe e dando visibilidade a um movimento, mesmo que não oficial de arte independente. 

Pleno de suas convicções, o artista independente quer sobreviver de sua arte, sem render-se aos padrões comerciais do mainstream.  E para isso, a internet está mais do que perfeita. 

No entanto, ao perceber essa tendência, a estratégia dos responsáveis pelo "padrão" de arte popular foi justamente embarcar nesta "onda" de independência,  aproveitando-se da popularização e da maior acessibilidade à rede. Lançando os chamados virais, que classificam como sendo manifestações autênticas da audiência, mas que, para quem conhece um  pouco, sabe que não funciona desta maneira. Por trás dessas máquinas de visualizações estão softwares, agências de publicidade, e claro, o famoso "jabá". 

Assim, os chamados artistas independentes agora estão infiltrados pelos "independentes" do mainstream, que são aqueles que usam as fórmulas prontas da arte comercial para fortalecer-se através da internet, e através dela chegar aos meios mais convencionais, tornando-se hits. 

Não há nada de errado em utilizar as ferramentas de marketing para propagar sua arte, errado é tentar esconder isso, e utilizar-se de falsas estatísticas, para que os indefesos culturais pensem que o que está acontecendo é uma manifestação artística popular. 

Observem que não falei em música somente, pois acreditem, existe o mainstream na literatura, teatro, cinema e tudo mais que possam imaginar. 

Para os verdadeiros artistas independentes, resta utilizar as ferramentas e formar seu público, mesmo que pequeno. E isso torna a verdadeira arte independente mais valiosa, sem amarras e mais bela. 

Que neste ano que se inicia, os independentes de verdade prosperem. 


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