Com o som ligado na rádio da cidade, tocando a nostalgia daquela vida normal, olhava pela janela. O céu sem estrelas, uma noite escura e estranhamente silenciosa. De pés descalços
sentia o piso gelado, aumentando a melancolia da menina mal acomodada no sofá.
sentia o piso gelado, aumentando a melancolia da menina mal acomodada no sofá.
As mãos suaves de unhas curtas, acariciavam os próprios braços fingindo afastar o frio de uma noite quente. Na parede amarelo claro, a forma de um mosquito esmagado era só mais uma marca de algo que já passou.
Nos olhos castanhos ela guardava suas lembranças que tão vivas, tão reais, a faziam suspirar.
Ao som de um doce bolero seu rosto empalidecia, esboçava um sorriso ao sentir a luz do luar. Via as horas passarem e o sono não chegava. Suas noites eram longas, tristes, e solitárias. Pegava o telefone, esperando que alguém ligasse, desejava ardentemente que alguém a chamasse pelo nome. Deixou que a cabeça descansasse apoiada nas costas do sofá, e fechou os olhos pra evitar que as lágrimas rolassem. Mordeu os lábios de leve, pensando em mais uma noite perdida. O chão tão frio fez adormecer os pés descalços. O tímido vento que tocava seu rosto fazia com que ela lembrasse de ruas estreitas, de pessoas queridas e do pé de acerola. Sutilmente, um perfume conhecido tocou sua pele, e ela sentiu como um beijo de despedida. Sabia que não o sentiria outra vez. Abriu os olhos marejados de lágrimas e não conteve um ultimo suspiro. Lentamente, pôs os pés no chão e caminhou até o quarto. Tomada pelo cansaço deitou-se delicadamente, repousou a mão debaixo do travesseiro e deixou-se marcar mais uma vez por uma história inacabada e por um novo lugar. E então, entre quatro paredes desconhecidas, sentindo-se perdida, adormeceu.
Ana Valvassori
meeu muuito lindo, nota 10
ResponderExcluirIsso mesmo Ana, parabéns pelo texto e seja bem vinda ao clube! Onde houver arte, existirá uma chance!
ResponderExcluirQue bom que gostaram, to muito feliz! Valeu mesmo!
ResponderExcluirCurto muito esse lema: Onde houver arte, existirá uma chance!
Isso ae!
Que lindo! o mesmo estilo de um conto que eu já escrevi... parecemos primas! ksaporlserkpoask
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