
A troca de corpos e de soldados entre o Hezbollah e a Síria demonstra uma afetividade, mórbida, porém correta, na imensa e contraditória noção de sagrado no Oriente Médio. A importância de tal ato tem seu ápice no emocionante reencontro das famílias com os entes vivos, e no direito santo de se dar um final digno aos corpos dos falecidos, alguns da década de 70. Por mais demagogia que se perceba, no Brasil, a relação do Estado com seu povo debocha do direito dos parentes dos brasileiros desparecidos durante o regime militar. Longe da organização, respeito e cultura dos povos do Oriente Médio, que aos olhos ocidentais parecem ser primitivos, estamos nós, com nossa ignorância tirânica e depressiva, além, é claro, das lágrimas de crocodilo. Todos sabemos, os militares jamais devolverão corpos. O que realmente importa, por aqui, são as indenizações. Até já posso imaginar o epitáfio no enterro simbólico das vítimas no Brasil: " João da Silva Nascimento: 1956 - Despedida: R$ 2.000.000,00".
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