domingo, 24 de junho de 2012

Editorial: A Lição da Lista dos Mais Vendidos

Allan Luis Pereira 


Ontem, a BBC publicou uma matéria interessante sobre a volta do álbum na preferência de compra musical dos internautas. As vendas dos álbuns digitais superaram pela primeira vez a venda de faixas individuais na Grã-Bretanha, um resultado que animou a indústria fonográfica. 
Dispensados os grandes selos da preferência dos artistas e também do público, a indústria fonográfica se obriga a reinventar-se, e na Europa a inovação acontece principalmente em função da qualidade dos novos artistas, fator fundamental de impulsionamento deste mercado, pelo menos por lá. 
Nomes como Adele, Coldplay, Lady Gaga e Rihanna são venerados por rádios e televisão o tempo todo, e logicamente  figuram entre os álbuns mais baixados. Manter-se por algum tempo nesta lista é um desafio a mais nas suas carreiras, afinal, é necessário lembrar que o lucro na venda do formato digital é mínimo. 
A notícia também está dentro de uma tendência vintage, que exibe números audaciosos da venda dos álbuns de vinil, e dos cd's físicos, demonstrando que há um carisma importante na venda destes produtos, mesmo consciente de que é um mercado que não se sustenta sem o apoio da plataforma digital. E podemos analisar junto com tudo isso também, a lista dos 10 álbuns mais vendidos de todos os tempos, que é a seguinte: 


  1. Michael Jackson, Thriller
  2. Pink Floyd, The Dark Side of the Moon
  3. AC/DC, Back in Black
  4. Whitney Houston/Varios artistas, The Bodyguard
  5. Meat Loaf, Bat Out of Hell
  6. Eagles, Their Greatest Hits
  7. Various artists, Dirty Dancing
  8. Backstreet Boys, Millennium
  9. Bee Gees/Various artists, Saturday Night Fever
  10. Fleetwood Mac, Rumours



Friamente observando todos os cenários culturais possíveis, entendemos que somente a Whitney com seu Guarda Costas (1992) e os Backstreet Boys com seu Millennium (1999) foram lançados após a década de 80. É um fenômeno que nem mesmo o advento forte da internet consegue explicar, uma vez que somente em 2001 a força dos servidores de download implantaram a cultura do compartilhamento com a barulhenta ascensão e queda do Napster. O barulho de bandas contrárias como Metallica não as fariam, por maior que fosse o esforço, figurar numa lista como a acima, o que é extremamente doloroso, pois temos ali uma boyband daquelas que deixam corado até o mais corrupto produtor do show bizz.  Conclusão: se a excelência das produções musicais foi abandonada em favor do mainstream, isso aconteceu já nos anos 90, e não na era da música digital, como pregam alguns anciões. E, claro,  jamais haverão obras primas como as nove acima. Digital, vinil, cd, tanto faz, a lista acima nos deixa com uma sensação de derrota imensa. Não tem problema, morreremos primeiro e deixaremos a vergonha para os jovens. Se é que serão capazes de sentí-la. 

Pois é.

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